terça-feira, 16 de agosto de 2011

EUGENIO DITTORN


O artista chileno Eugenio Dittborn será o homenageado da 8ª Bienal do Mercosul. Ele esteve em Porto Alegre nos dias 10 e 11 de novembro para conhecer o espaço expositivo que abrigará sua exposição, o Santander Cultural. O artista visitou o espaço na companhia de Maria Bastos, coordenadora do local e do curador-geral da 8ª Bienal do Mercosul, José Roca.

A exposição sobre a obra de Eugenio Dittborn será uma das mostras centrais da 8ª Bienal do Mercosul, prevista para acontecer em Porto Alegre/RS entre setembro e novembro de 2011. Cerca de cinco obras de grande porte e três vídeos estarão na mostra. Nascido em Santiago do Chile em 1943, Dittborn é um artista referencial da América Latina. Sua obra é baseada na transterritorialidade, no nomadismo e nas estratégias para subverter fronteiras e penetrar nos centros sem deixar-se neutralizar por eles. Sob curadoria de José Roca, que é também curador-geral da 8ª edição, a exposição vai mostrar as Pinturas Aeropostais - obras de ampla riqueza iconográfica, com uma presença visual e material contundente - que o artista desenvolve desde os anos 80 misturando desenho, costura, pintura e colagem. Segundo Roca, a exposição não é uma retorspectiva e, sim, uma homenagem ao artista cuja obra discute noções centrais da temática da 8ª Bienal do Mercosul, como a desteritorialização: “ao enviar suas obras através do correio internacional, e não através dos esquemas usuais para envio de obra de arte, Dittborn faz de sua obra uma espécie de ‘Cavalo de Tróia’, utilizando-se desta estratégia para poder sair do Chile e penetrar transitoriamente em outros espaços”, afirma. E completa: “sua obra fala do confinamento geográfico e da distância cultural que o Chile enfrenta em relação aos outros países da América Latina e do mundo”. As Pinturas Aeropostais chegam a Porto Alegre por via postal, dobradas e colocadas em um envelope. A pintura é aberta, desdobrada e pendurada, e o envelope é exibido ao lado, pois traz o registro do itinerário de viagem, os lugares para onde aquela pintura foi enviada anteriormente e o lugar onde está exposta. Após a abertura da exposição na Bienal, as pinturas serão enviadas periodicamente para centros culturais em outras cidades do Rio Grande do Sul, sendo substituídas no Santander Cultural pelas pinturas que já tenham completado a sua viagem. Esse processo ressalta o caráter literalmente transitório da obra de Dittborn e a afirmação de que “ter a experiência de ver uma Pintura Aeropostal é ‘ver entre duas viagens’”. A obra de Dittborn questiona a relação entre centro e periferia, pois “(...) converte a metrópole em lugar de trânsito”, como destaca o crítico chileno Roberto Merino. Sua obra foi objeto de uma mostra individual no New Museum of Contemporary Art de Nova Iorque – cujo resultado está no livro Remota, que traça o percurso de mais de 20 anos de sua atividade artística -, além de diversas exposições em instituições como The Art Museum of the University of Houston, Museo Nacional de Bellas Artes de Chile, Museo de Artes Visuales de Santiago e Witte de With, em Rotterdam/Holanda, entre outros. O artista também participou de coletivas como Traces of Friday (Institute of Contemporary Art/Philadelphia/EUA), Más allá del documento (Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía/Madri/Espanha) e Around 1984: A Look at the Art in the Eighties (P.S. 1/Nova Iorque/EUA). Foi artista convidado na 26ª Bienal de São Paulo e na 3ª Bienal de Gwangju/Coreia do Sul.